O baralho espanhol tem uma rica e longa história que remonta aos tempos das influências islâmicas na Europa, especialmente durante o sultanato mameluco do Egito. Essas influências marcaram presença também na Península Ibérica, onde o Reino Nasrid de Granada emergiu como o último baluarte islâmico. O desenvolvimento e disseminação das cartas de jogar passaram por séculos, com o baralho espanhol eventualmente se expandindo para o “Novo Mundo”, reforçando a sua presença da América Latina até hoje.
As primeiras menções ao uso de cartas na Espanha surgem em documentos de comerciantes e na legislação que regulamentava ou proibia esses jogos, especialmente em localizações como Barcelona e Valência, entre os anos 1300 e 1400. Entre os primeiros fabricantes documentados, destacam-se nomes como Rodrigo Borges, descrito como “pintor y naipero” em registros de 1380, entre outros. Esses artesãos criaram vários tipos de cartas, incluindo “grandes cartas órmicas” e cartas de estilo mourisco.
Como é Estruturado o Baralho Espanhol?
O tradicional baralho espanhol é composto por quatro naipes distintos: Ouros, Copas, Espadas e Paus (também chamados de Bastões). Cada naipe possui tanto cartas numeradas (sete ou nove, dependendo o conjunto utilizado) quanto cartas figurativas: Valete (ou Sota), Cavaleiro e Rei, sempre numeradas como 10, 11 e 12. Essa configuração faz com que o baralho possa ser constituído de 48 ou 40 cartas, não se tratando de um baralho incompleto, mas sim adequando-se a jogos específicos.
As cartas figurativas possuem elementos distintos: os Reis são soberanos representados em pé; os Cavaleiros, em sua iconografia medieval, geralmente aparecem montados, e os Valetes, ou Sotas, simbolizam páginas ou mensageiros. Curiosamente, alguns baralhos históricos apresentam Valetes como figuras femininas, uma representação notavelmente incomum.
Quais são os Sinais e Símbolos do Baralho Espanhol?
O baralho espanhol introduziu o uso de sinais chamados “pintas”, que são descontinuidades na linha reta do contorno das cartas, servindo como inovação para identificar cartas de maneira discreta, limitada a um pequeno movimento de separação de cartas na mão do jogador. Esses sinais variam em quantidade para cada naipe: O naipe de Ouros não possui interrupção, Copas tem uma, Espadas, duas, e Paus, três. Esta configuração articula uma hierarquia social e simbólica, acomodando desde a monarquia até o povo comum.
Interpretativamente, os naipes estão fortemente entrelaçados a significados culturais e sociais. Atribuições comuns sugerem que Ouros se relacionam com comerciantes, enquanto Copas podem simbolizar um ambiente de socialização propensa a festas, plasticamente encantado pelas interações emocionais humanas, em contraste com Espadas, ligadas à nobreza e a disputas, com Paus frequentemente representando os instrumentos do povo trabalhador.
Cartomancia com o Baralho Espanhol
A prática de cartomancia, ou a arte de prever o futuro por meio de cartas, é uma aplicação popular para o baralho espanhol. Cada naipe tinha atribuições místicas e interpretativas. Por exemplo, o Naipe de Ouros costuma estar ligado a questões financeiras e de sorte, enquanto Copas se preocupa mais com os sentimentos e relacionamentos. Espadas, por outro lado, podem frequentemente indicar desafios e conflitos, e Paus tratar de inovações e progresso profissional.
Essa prática passa de uma interpretação de símbolos culturais para uma arte de leitura aprofundada sobre a vida dos indivíduos, transformando supostos mistérios em orientações e sugestões viáveis. A cartomancia é um uso intensivo do conhecimento simbólico do baralho e sua compreensão, enraizada em tradições antigas, que continuam a cativar a imaginação popular em todo o mundo.